terça-feira, 7 de setembro de 2010

Histórias que nos contam na cama, antes da gente dormir.


O sono de Mariana sempre chegava antes do fim da história - A menina andava na beira da praia recolhendo espelhos partidos, conchas amarelas e estrelas de cinco pontas. Chamava-se Ana, a menina de cândida doçura. As ondas induziam cavalos-marinhos a fazerem cócegas nos seus pés. A maré mudava de acordo com o relógio biológico dela. E os pescadores das redondezas costumavam consultar o horóscopo da menina antes de conduzir suas embarcações. Corria a boca pequena que a paixão do Mar por Ana sincronizava o ritmo e o som das águas. Era realmente um atrevimento, um despautério aquele caso de amor. Ninguém concordava ou achava possível que aquilo pudesse ter um final feliz. Num dia de sol e chuva, a menina subiu na pedra mais alta, tirou o relógio e mergulhou nos braços azuis do seu amado. E o encontro de Ana e Mar foi como sal e doce se sobrepondo na mais inesperada combinação. E o sono de Mariana sempre chegava antes do fim, na melhor parte da história que sua mãe insistia em lhe contar todas as noite.


"Ana aproveitou os carinhos do mundo.
Os quatro elementos de tudo.
Deitada diante do mar.
Que apaixonado entregava as conchas mais belas.
Tesouros de barcos e velas.
Que o tempo não deixou voltar.

Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?
Porque que o mar não se apaixona por uma lagoa?
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar?"

O Teatro Mágico - Ana e o Mar.

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