sexta-feira, 1 de abril de 2011

Do amor de amar.

Certa vez, meu pai me disse que as pessoas eram como porcos espinhos, cheias de espinhos, manias e defeitos, disse que cada relação, era uma troca constante de agulhadas, até que as pessoas se cansassem, se separassem e buscassem outros espinhentos, ou, se acostumassem e continuassem com suas vidas. Ele me disse que relacionamento não era luxo, mas uma fatalidade da vida. Clarice Lispector escreveu: "Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. E não é prêmio, por isso não envaidece, amor não é prêmio, é uma condição concedida exclusivamente para aqueles que, sem ele, corromperiam o ovo com a dor pessoal. Isso não faz do amor uma exceção honrosa; ele é exatamente concedido aos maus agentes, àqueles que atrapalhariam tudo se não lhes fosse permitido adivinhar vagamente". Eu passei bastante tempo da minha vida, tentando acreditar que o meu pai era frustrado, ou que o que ele dizia era mentira, tentei refletir sobre como o amor enriquecia minha alma, e descobri que o amor me enriquece, mas não da maneira que eu esperava. Eu sou uma pessoa independente, inteligente, lutadora... sozinha também, mas eu tenho minha mãe, e posso ter um cachorro também. Então, toda vez que me passa algo que me magoa, que me atormenta, que me tira a paz, que me incomoda no meu namoro, eu penso o seguinte: "poxa, eu não preciso passar por isso, posso ficar sozinha, não preciso de ninguém, não preciso disso!". A verdade é essa mesma, que se for pra gente pensar com a cabeça, ficar sozinho é ter paz e liberdade; namorar é ter preocupações, se magoar com os defeitos da outra pessoa; e acaba dando na mesma, isso se for pra ser otimista. Nessas horas que eu penso, que eu não tô namorando, porque isso enriquece meus dias, soma algo em mim, ou faz minha vida melhor. Eu tô namorando porque eu amo essa pessoa, e quero crescer ao lado dela. Assim, eu não preciso tolerar seus defeitos, não preciso pedir desculpas quando não me sinto culpada, não preciso me esforçar tanto. Não preciso fazer nada disso, mas eu faço porque eu quero, porque eu amo. E é nessas horas que eu me dou conta de como o amor me enriquece. Nessas horas percebo como eu amo meu namorado. Ao longo da minha vida, já mandei a merda um monte de gente que vinha cheia de mimimimi pra cima de mim, mas agora não. Quando meu namorado tá brabo comigo, eu só quero fazer cara de cachorro pidão, e dar um abraço nele pra ver se a raiva passa. Mesmo eu não merecendo sua ira...
E sabe, eu espero que você não namore comigo porque você acha que eu faço sua vida melhor. Porque um dia você vai perceber que eu não faço. Eu te causo tormento, digo coisas ruins, te magôo, de menosprezo, te subestimo, brigo contigo à toa... (que mais você disse que eu faço?) Ah! sou egoísta. Espero que você namore comigo porque você me ama, só por isso, não porque eu faço tua vida melhor ou pior, porque talvez eu faça sua vida ser ainda mais difícil do que ela já é. Desculpa, tá? Eu só quero que você pare de brigar comigo toda vez que eu te ligo, só isso. Te amo, bobo! E num tô braba nem triste, só quero covinhas no fim. :)

[Texto original de uma moça chamada 'Miojo', adaptado.]

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